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Evento debate caminhos para fortalecer a cadeia do açaí frente às mudanças climáticas
Encontro realizado durante a COP30 discutiu recomendações para a resiliência climática e a justiça socioambiental na Amazônia
Evento debate caminhos para fortalecer a cadeia do açaí frente às mudanças climáticas
Encontro realizado durante a COP30 discutiu recomendações para a resiliência climática e a justiça socioambiental na Amazônia
Realizado no dia 10 de novembro, na Arena Agrizone – Embrapa Amazônia Oriental, durante a programação oficial da COP30, o evento “Açaí, Floresta e Clima: Recomendações para a Resiliência Climática e Justiça Socioambiental na Amazônia” reuniu representantes de cooperativas, empresas, governos e organizações parceiras. O objetivo foi debater caminhos para fortalecer a cadeia do açaí como vetor de sustentabilidade, inclusão social e adaptação às mudanças climáticas na região amazônica.
A atividade foi promovida no âmbito do Diálogos Pró-Açaí, espaço de articulação que busca integrar saberes, práticas e políticas públicas voltadas ao desenvolvimento sustentável da cadeia do açaí amazônico.
Recomendações estratégicas e integração institucional
A mesa de debate foi mediada por Pollyana Coêlho, do ICMBio e representante da secretaria executiva do Diálogos Pró-Açaí. Durante o evento, Pollyana apresentou o Policy Brief “Açaí, Floresta e Clima”, documento construído ao longo de um ano pelo Grupo de Trabalho de Sustentabilidade. “O documento traz sete eixos estratégicos com ações concretas e viáveis, que já são aplicadas em outros setores. É mais do que uma lista de recomendações, é um plano de ação para que essas práticas sejam incorporadas aos programas de governo e às instituições que fortalecem a cadeia do açaí”, explicou. O documento foi entregue ao poder público, representado por Luz Marina Almeida, gerente da Saciobio.
Açaí como símbolo de justiça e bioeconomia
Para Thaís Penna, representante da GIZ, o açaí é muito mais do que um produto de exportação. “Ele sai daqui como segurança alimentar para nós, amazônidas, mas também é uma potência global de mercado e de bioeconomia. Mostra que é possível comercializar um produto de forma sustentável, levando em consideração os conhecimentos tradicionais, os recursos naturais e uma economia mais justa”, destacou. Thaís reforçou a importância da colaboração entre comunidades locais, governos e mercado global, com foco no fortalecimento das cooperativas como elo essencial para garantir qualidade, ética e manejo sustentável.
O empresário Carlos Brito, diretor da OAKBERRY, definiu o açaí como “a pedra mais brilhante da bioeconomia”, ressaltando sua capacidade de gerar empregos, proteger a floresta e dinamizar economias locais. “Precisamos de presença local, de políticas públicas efetivas e do fortalecimento de cooperativas. A integração com linhas de financiamento e condições compatíveis é essencial para expandir o adensamento de áreas agroextrativistas”, afirmou.
Pesquisa, Inovação, Políticas Públicas
O pesquisador Hervé Rogez alertou para os impactos diretos das mudanças climáticas sobre as palmeiras amazônicas. “Depois da seca do ano passado, a produção caiu e o preço subiu. Ainda não estamos preparados para ter sistemas agroflorestais resilientes à seca”, observou.
Ele defendeu a diversificação dos editais públicos para que atendam diferentes setores, desde universidades, Ongs e cooperativas. Para o pesquisador, a integração entre esses setores também é fundamental. Hervé também destacou a apicultura como indicador da saúde ambiental e oportunidade econômica sustentável.
Representando as comunidades ribeirinhas, Amiraldo Picanço, da Cooperativa AmazonBai, destacou a necessidade de investir em pesquisa, inovação e assistência técnica. “Sem pesquisa e inovação, não vamos alcançar nosso objetivo. Vivemos problemas graves, como seca, erosão e salinização da água. Precisamos resgatar os jovens para dentro das comunidades”, afirmou.
Do lado do governo estadual, Luz Marina apresentou as ações da Secretaria de Meio Ambiente no âmbito do Plano Estadual de Sociobioeconomia, com destaque para o programa InovaSociobio. “Os editais estaduais estão cada vez mais adaptados às realidades locais, com o açaí como carro chefe, mas eles trabalham outros recursos da floresta. Nós temos o Inovasociobio que atende muitas cooperativas e agricultores do estado, e muitos deles trabalham com o açaí”.
Símbolo da bioeconomia amazônica
O encontro reforçou o papel do açaí como símbolo da bioeconomia amazônica, um produto que conecta comunidades, ciência, políticas públicas e mercado global em torno de um objetivo comum: garantir resiliência climática e justiça socioambiental na Amazônia.
O Policy Brief está disponível no site do Diálogos Pró-Açaí em duas versões, português e inglês.